Projeto Tocando Pífanos
A pesquisa e mapeamento das bandas de pífano em Pernambuco começou em meados de 2010, atendendo o Agreste Central e os Sertões do Moxotó, Pajeú e Central. Foram catalogadas bandas extintas e ativas, bem como os pormenores socioculturais que circundam essa forma de expressão – os novenários, a questão do meio ambiente atrelada à existência da matéria prima necessária para o fabrico dos instrumentos, a evolução musical das bandas e as nuances que se evidenciam a cada região visitada.
Mais de 50 bandas constam nesse mapeamento, com várias horas de entrevistas e um considerável acervo de imagem e som. Tudo coletado e catalogado após um treinamento promovido IPHAN/PE, órgão responsável pelo treinamento e acompanhamento da aplicação do INRC (Inventário Nacional de Referências Culturais), um documento importante para a confecção do dossiê sobre as bandas de pífano, elementar para o reconhecimento das bandas de pífano como Patrimônio Imaterial.
As hipóteses iniciais de escassez de bandas de pífano foi posta a prova logo nas fases iniciais do mapeamento, a maior quantidade de grupos existentes em relação ao anteriormente esperado, um calendário de apresentações espalhado ao longo dos meses do ano em por todas as macrorregiões do estado geraram a necessidade de um aprofundamento geográfico e histórico na pesquisa e mapeamento. Neste sentido, para que pudéssemos chegar à conclusão do inventário das bandas de pífanos, foi fundamental a realização dessa última etapa nos Sertões de São Francisco, Araripe e Itaparica, locais que, ao mesmo tempo, revelam origens históricas e estruturas musicais diferentes das demais regiões já pesquisadas.
Isso proporcionou um aprofundamento teórico em relação às bandas de matrizes africanas e indígenas – sobretudo – em suas similaridades, diferenças e possibilitou um vislumbre do quanto essas particularidades forjaram nossa identidade. Visitamos comunidades quilombolas nos povoados de Buenos Aires, Quitimbú e Conceição das Crioulas, Leitão da Carapuça e Travessão do Caroá no sertão pernambucano e também o povo Pankararu, do município de Tacaratu.
As bandas de pífanos destes povoados têm, na sua essência, uma percussão diferenciada, assim como a forma dos cânticos e coreografias. Essa última empreitada foi registrada em fotografias, áudio e vídeo – cujas entrevistas e demais conteúdo estão disponíveis no site.
Inúmeros foram os aspectos que motivam esta empreitada. O primeiro deles é o impacto direto nas comunidades foco da pesquisa, cujas bandas de pífanos, tocadores e fabricantes de instrumentos terão seu trabalho valorizado e reconhecido. Dada a experiência da equipe com profissionais de formações variadas, a oportunidade de contato direto com pessoas que protagonizam essas manifestações, vislumbramos promover ações práticas e eficientes para manter e potencializar a permanência desses grupos em suas regiões, respeitando suas singularidades e características, colaborando efetivamente para sua salvaguarda.
A apresentação desse site não representa o final de nossa empreitada, cuja próxima meta encontra-se no reconhecimento das bandas de pífano como patrimônio imaterial – compartilhamos, com quem interessar possa, os nossos resultados e anseios, para que a cultura do pífano se multiplique e esse estimado bem cultural perdure por mais séculos a fio com o devido reconhecimento.